domingo, julho 29, 2007

Morte e Renascimento

Quando olhamos em profundidade para a manifestação coletiva e individual, vemos que eu e não-eu não podem se separar um do outro. Vemos também que o ciclo de renascimento repete-se a todo instante. Não temos que esperar morrer para renascermos. Renascemos a todo momento. Lembre-se do círculo do bastão de incenso: aquele lume renasce a cada instante. A luz deste momento é o renascimento da luz do momento anterior. Não é verdade que temos outros dez, vinte, cinquenta ou mais anos de vida até morrermos. De fato, estamos morrendo a cada momento. Estamos morrendo agora mesmo e a nossa morte poderia produzir algo muito bonito e precioso, exatamente como a morte de um instante de luz possibilita o novo instante de luz renascer.(...)]

Se compreendermos que é necessário para o nosso corpo que nossas células morram para que novas celulas possam nascer, não perderíamos tempo lamentando a nossa perda. Seria uma vergonha encarar esse processo como uma coisa triste. O ciclo de renascimento confia no caminho traçado pelo corpo, pela fala e pela mente. A cada instante temos que comunicar a energia de leveza, libertação, paz e alegria de modo que a vida, o ciclo de nascimento e morte, possa ser mais belo para nós e para todo o mundo.

segunda-feira, julho 23, 2007

Meditação Amorosa

Meditação amorosa

Que eu possa estar em paz, feliz e leve de corpo e de espírito
Que possa viver em segurança e livre de males
Que que eu possa estar livre da raiva, das aflições, medos e ansiedades
Que eu possa aprender a me olhar com olhos de compreensão e amor
Que eu possa reconhcer e tocar as sementes de alegria e felicidade que existem em mim
Que eu possa aprender a identificar as fontes de raiva, cobiça e ilusão que existem em mim
Que eu possa alimentar as sementes de alegria em mim todos os dias
Que eu possa ser sereno, firme e livre
Que eu possa estar livre do apego e da aversão sem me tornar indiferente

Que aqueles(as) que amo possam estar em paz, felizes e leves de corpo e de espírito
Que aqueles(as) que amo possam viver em segurança e livres de males
Que aqueles(as) que amo possam estar livres da raiva, das aflições, medos e ansiedades
Que aqueles(as) que amo possam aprender a se olhar com olhos de compreensão e amor
Que aqueles(as) que amo possam reconhecer e tocar as sementes de alegria e felicidade que existem em si mesmos(as)
Que aqueles(as) que amo possam aprender a identificar as fontes de raiva, cobiça e ilusão que existem em si mesmos(as)
Que aqueles(as) que amo possam alimentar as sementes de alegria em si mesmos(as) todos os dias
Que aqueles(as) que amo possam ser serenos(as), firmes e livres
Que aqueles(as) que amo possam estar livres do apego e da aversão sem se tornar indiferentes

Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam estar em paz, felizes e leves de corpo e de espírito
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam viver em segurança e livres de males
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam estar livres da raiva, das aflições, medos e ansiedades
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam aprender a se olhar com olhos de compreensão e amor
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam reconhecer e tocar as sementes de alegria e felicidade que existem em si mesmos(as)
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam aprender a identificar as fontes de raiva, cobiça e ilusão que existem em si mesmos(as)
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam alimentar as sementes de alegria em si mesmos(as) todos os dias
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam ser serenos(as), firmes e livres
Que aqueles(as) que me causaram sofrimento possam estar livres do apego e da aversão sem se tornarem indiferentes

Meditação adaptada pelo Ven. Nhat Hanh do texto Visuddhimagga, escrito por Buddhagosa em 430 d.C. - texto tradicional theravada.

domingo, julho 15, 2007

Nossos Corpos Não Pertencem a Nós

No Ocidente, as pessoas têm a impressão de que seus corpos lhes pertencem, que podem fazer com o corpo o que quiserem. Acham que têm o direito de viver a vida como bem lhes apraz. E a lei os protege. Isso é individualismo. Mas, de acordo com as lições de inter-relação dos seres, o seu corpo não é só seu. Seu corpo pertence aos seus antepassados, aos seus pais e às futuras gerações, além de pertencer também à sociedade e a todos os outros seres viventes. Todos se uniram para edificar a presença desse corpo. Manter seu corpo saudável constitui uma expressão de gratidão a todo o cosmos - às árvores, às nuvens, a tudo. Você põe em ação essa prática pelo bem de todos. Se estiver são, física e mentalmente, todos seremos beneficiados. Somos o que consumimos e metabolizamos. Temos que comer, beber e consumir, mas a menos que o façamos conscientemente, podemos destruir o nosso corpo e a nossa consciência, expressando uma grande falta de gratidão para com os nossos ancestrais, para com nossos pais e as gerações futuras. O consumo consciente é o assunto principal deste preceito (o Quinto Preceito, nota minha).

terça-feira, julho 10, 2007

As Coisas São Isentas de Idéias

As coisas todas não têm proveniência. Elas não vêm de lugar nenhum, por que são isentas de idéias de ser e não-ser. Elas não têm que nascer. Não podem ser pegas por nossas noções ou discriminadas por nossas categorias mentais. Elas vêm de lugar nenhum e vão para lugar nenhum. Não há autor ou criador. Essa é a verdadeira natureza da realidade. Podemos apenas tocar e experimentar as coisas quando estamos livres de conceitos de nascimento e morte, criador e criatura. Todas as coisas não têm proveniência, portanto, não têm nascimento. Porque não têm nascimento, não têm extinção tampouco.

segunda-feira, julho 09, 2007

Interser

Na meditação sobre o interser, podemos ver que cada momento de consciência inclui todo o universo. Esse momento pode ser uma memória, uma percepção, um sentimento, uma esperança. Do ponto de vista do espaço, podemos chamá-lo de uma "partícula" de consciência. Do ponto de vista do tempo, podemos chamá-lo de um "grão" de tempo (ksana). Um instante de consciência abraça todo o passado, o presente, o futuro e todo o universo.

sábado, julho 07, 2007

Espaço de Prática em Fortaleza

Estou abrindo um pequeno e informal espaço para prática do Budismo na tradição do ven. Thich Nhat Hanh e da Ordem do Interser.

Inicialmente a programação semanal será a seguinte:

quintas a partir das 19:30

Nas primeiras semanas será dada instrução antes da prática de meditação e depois será reservado um dia para esse objetivo.
qualquer dúvida escreva para: samuelw@gmx.net

Endereço:

Avenida Barão de Studart 2441, sala 103
Bairro Joaquim Távora
Próximo à Torre Quixada ( mas do outro lado da avenida)

Sobre Amor e Sexo

A união de dois corpos só é positiva quando existem compreensão e comunhão de coração e espírito. Mesmo entre marido e mulher, se não houver comunhão de coração e espírito, o encontro dos dois corpos só irá separá-los mais. Quando isso acontece, recomendamos ao casal que evite ter relações sexuais e procure primeiro desenvolver uma comunicação mais profunda.
Ao praticar a responsabilidade sexual, a pessoa deve sempre examinar a natureza do seu amor para conhecê-la melhor e não se deixar enganar por seus sentimentos. Às vezes ela pensa amar alguém, mas esse amor pode ser apenas uma tentativa de satisfazer suas necessidades egoístas. Talvez não tenha analisado o suficiente para descobrir as necessidades da outra pessoa, inclusive as de segurança e proteção. Esse tipo de reflexão leva a compreender que o outro precisa de sua proteção e, portanto, não pode ser visto apenas como um objeto de seu desejo, um tipo de artigo comercial. Na nossa sociedade, o sexo é usado como um meio de vender produtos. Se a pessoa não olhar para a outra como um ser humano, com a capacidade de se tornar um Buda, ela se arrisca a transgredir o treinamento da atenção plena sobre a responsabilidade sexual. A prática de observar profundamente a natureza do amor que sentimos é muito importante.

quarta-feira, julho 04, 2007

Ação e Compreensão

Olhe bem para a sua mão e observe se existe nela um olho de Buda. Nos templos tibetanos, chineses, coreanos, vietnamitas e japoneses existe um bodhisattva com mil braços - ele possui muitos braços para poder ajudar os outros - e na palma de cada mão há um olho. A mão representa a ação e o olho representa a intuição e a compreensão. Sem compreensão nossas ações podem causar sofrimento aos outros. Podemos estar motivados pelo desejo de tornar os outros felizes, mas se não tivermos a compreensão necessária, quanto mais fizermos mais problemas estaremos criando. A menos que o nosso amor seja feito de compreensão, não será um amor verdadeiro. A plena consciência é a energia que coloca os olhos de Buda em nossas mãos. Com plena consciência podemos mudar o mundo e trazer felicidade para muitos. Isto não é uma idéia abstrata. É possível a cada um de nós gerar a energia da atenção plena em todos os momentos da vida cotidiana.