Voltar para nós mesmos, para reconhecer a nosa dor, a nossa aflição, nosso medo e nossa raiva é uma prática fundamental. A plena consciência e a concentração nos ajudam a fazê-lo sem o medo de sermos arrastados por essas energias negativas. Muitos de nós tememos estar sozinhos consigo mesmos, por temer a enorme quantidade de medo, solidão e raiva que existe em nós. Por isso tentamos disfarçar e evitar esses blocos de sofrimento consumindo comida, televisão, livros e álcool. Com a energia gerada quando se respira e se caminha com plena consciência é possível entrar em contato com a própria dor sem que ela nos domine.
A energia da plena consciência nos ajuda a reconhecer a dor e acolhê-la carinhosamente, como uma mãe cuidando do bebê que chora. Quando o bebê chora, a mãe pára o que estiver fazendo, pega a criança e segura-a com ternura em seus braços. A energia da mãe penetra no bebê que logo se sente reconfortado. Quando reconhecemos e acolhemos a dor e a aflição em nós, elas se acalmam como o bebê nos braços da mãe.
Ao tocarmos a raiva, a dor e o medo com plena consciência, podemos reconhecer as raízes das nossas aflições. Com plena consciência podemos reconhecer também o sofrimento na pessoa que amamos. Se ela fala ou age agressivamente, podemos compreender que ela é vítima de um sofrimento com o qual não sabe lidar. Esta percepção faz com que desejemos ajudar essa pessoa a transformar seu sofrimento do mesmo modo que transformamos o nosso.
No momento em que experimentamos a felicidade e a paz verdadeiras é muito fácil transformar a nossa raiva. Não precisamos lutar mais. Nossa raiva começa a se desmanchar porque conseguimos introduzir elementos de paz e alegria no nosso corpo e na nossa consciência todos os dias. Esta prática básica pode transformar a raiva, o medo e a violência que carregamos dentro de nós, para que possamos ser mais úteis a nós mesmos e ao nosso país.
Corpo de Dharma, Corpo de Sangha
Há 6 dias
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