domingo, março 28, 2010

Pensar Correto

Quando produzimos um pensamento, temos de nos assegurar que seja bom, um pensamento correto, por que, se assim for, ele nos trará saúde física e mental e ajudará o mundo a se curar. Nossa prática é tentar viver de um modo tal que, todo dia, só produzamos bons pensamentos, pensamentos em direção ao pensar correto. Temos que nos treinar para que seja assim. Um mau pensamento pode destruir a saúde física e moral de nós todos e do mundo inteiro. Dessa maneira, temos que ser cuidadosos para produzir apenas bons pensamentos.

O pensar correto é recomendado a todos nós por Buda. Trata-se da ação em forma de pensamento. Cada vez que produzimos um pensamento, esse pensamento carregará nossa assinatura. Você não poderá dizer “Não, eu não produzi esse pensamento”. Isso chama-se karma. Karma-causa, karma-fruto. Se existe uma causa, haverá um fruto – e esse fruto pode ser amargo ou doce, vai depender da natureza do karma.

segunda-feira, março 08, 2010

Tornando-se Nada

Nosso maior medo é que ao morrermos nos tornaremos nada. Muitos acreditam que toda a nossa existência é somente a vida que começa no momento em que nascemos e que termina no momento da nossa morte. Acreditamos que nascemos a partir do nada e que quando morrermos nos tornaremos nada. E por isso ficamos cheios medo da aniquilação.

O Buda tem uma compreensão muito diferente de nossa existência. Para ele, nascimento e morte são noções, não são a realidade. O fato de que pensemos que são realidade produz uma ilusão muito poderosa que faz com que soframos. O Buda ensinou que não existe nem nascimento e nem morte, nem ir e nem vir, nem o mesmo e nem diferente, nem um eu permanente e nem aniquilação. Somos nós que pensamos assim. Ao compreendermos que não podemos ser destruídos, a gente se liberta desse medo e isso é um grande alívio. Passamos a aproveitar melhor a vida e a apreciá-la de uma nova maneira.

terça-feira, março 02, 2010

Nem Nascimento, Nem Morte

No meu eremitério, na França, há uma planta chamada marmeleiro japonês. Ele floresce normalmente na primavera, mas um inverno desses foi mais quente que o normal e os botões das flores apareceram mais cedo. Uma noite, entretanto, uma frente fria passou e as folhas e as flores ficaram congelados. No outro dia, ao fazer meditação caminhando, notei que todos os botões tinham morrido e pensei “No ano Novo, não teremos flores suficientes para o altar do Buda”.
Algumas semanas depois, o tempo esquentou de novo e, ao caminhar pelo meu jardim, vi novos botões em flor do marmeleiro, manifestando uma nova geração de flores. Então perguntei a elas “Vocês são as mesmas flores que morreram congeladas ou são outra diferentes?”. E elas me responderam “Thay, não somos nem as mesmas e nem outras diferentes. Quando há condições suficientes, nós nos manifestamos, e quando não, continuamos escondidas. Simples assim!”.
Isto é o que o Buda ensinou. Quando as condições são suficientes, as coisas se manifestam. Quando elas não são suficientes, as coisas se retiram. Elas esperarão o momento certo para se manifestarem de novo.
Antes de dar a luz a mim, minha mãe esteve grávida de outro bebê. Ela sofreu um aborto e aquela pessoa não nasceu. Quando eu era mais jovem, eu costumava me perguntar: aquele era meu irmão ou era eu mesmo? Quem estava tentando se manifestar daquela vez? Se ela perdeu o bebê, significa que as condições não eram suficientes para que ele se manifestasse e então ele se retirou, para esperar melhores condições. “É melhor me retirar. Em breve voltarei, minha querida”. Então temos que respeitar sua vontade. Quando a gente olha o mundo dessa maneira, sofremos menos. Era o meu irmão que a minha mãe perdeu?
Ou talvez era eu que estava para aparecer, mas decidi me retirar - “Ainda não é a minha hora”.